domingo, 23 de outubro de 2011

Carta de um pai para o filho

Escrevo-te no final de um estranho mês de Outubro. Depois de um Verão triste, tivemos sol e calor. Na praia e o mar estava estranhamente calmo. Teriam sido semanas descontraídas e alegres se não fossemos lendo as notícias. Sabíamos que elas, quando chegassem, seriam más – mas não estávamos à espera de notícias tão más.

Não sou funcionário público e ainda nem falei com o teu avô, que perderá, nos próximos anos, os subsídios de férias e de Natal. Mas sei que os funcionários públicos e os pensionistas estão atordoados. É natural. Não estavam à espera. Ninguém estava à espera. Mesmo eu, que há muito defendia a necessidade de diminuir os gastos com a função pública, não imaginava que fosse assim.

No entanto tenho a percepção da fatalidade. Julgo que muita gente a tem. O dinheiro acabou. O nosso e até o que nos emprestam. Não posso nem quero imaginar que fosse através de mais impostos que se resolvessem as aflições do próximo Orçamento, como parece sugerir o Presidente da República. Não posso nem quero imaginar que o governo deste país continuasse a fazer como os governos do passado, a fingir que cumpria as metas disfarçando as dívidas.

É por isso que não posso deixar de pensar: o que foi que nos trouxe até aqui? O que foi que nos meteu neste poço a que só agora vemos as paredes escuras, negras?


Também te escrevo envergonhado. Porque escrevo para te dizer, por exemplo, que quando tiveres a minha idade, se ainda andares por este país, continuarás a pagar centenas e centenas de quilómetros de auto-estradas que se degradarão antes de chegarem a ter movimento que se veja. Ou para te alertar que bem antes de chegares à idade da reforma o sistema de pensões terá entrado em colapso (dizem-me que ainda haverá dinheiro para os da minha idade, mas não acredito).

Escrevo-te sobretudo para te contar como desperdiçámos a melhor oportunidade de um século de história. Ou mesmo dos últimos dois séculos.

Sei que muitos andam por aí a culpar “os políticos”. Têm razão: houve muita irresponsabilidade política, houve dolo e houve corrupção. Há alguns figurões a que nunca perdoarei, e espero que o país não perdoe. Mas eu não culpo só “os políticos”. Ou só “os banqueiros”, apesar de estes também terem contribuído para a irresponsabilidade do festim. Eu culpo também uma nação que se embebedou com a ilusão da riqueza fácil, do sonho de “ser como os outros europeus” no espaço de uma década.

No outro dia pus-me a olhar para o meu carro. Seria necessário ter um modelo tão bom? Não. Mas tudo estava feito para que o tivesse. Em poucos anos, Portugal encheu-se de automóveis. Na Europa só os italianos têm proporcionalmente mais carros do que os portugueses. O parque automóvel de Lisboa é imensamente mais rico do que o de Copenhaga ou Estocolmo. Mas não só. Somos o povo com mais telemóveis. E o que mais casas próprias comprou. Até casas de segunda habitação.

Muitos da minha geração fizeram tudo para proporcionar aos filhos os bens de consumo a que eles próprios não haviam tido acesso, mas não fizeram o suficiente para que muitos da tua geração saíssem mais cede de casa dos pais. Há quem diga que é assim porque ainda acreditamos nos valores familiares, mas eu desconfio. Afinal com que família sonhamos se, ao mesmo tempo, somos um dos países da Europa onde nascem menos crianças?



Não te vou contar a história de todas as oportunidades falhadas. Ou de todas as políticas criminosas. Ou de todos os roubos, que também os houve. Prefiro tentar, mais humildemente, explicar como te expropriámos o futuro.

Nasceste, como eu nasci, num país de cultura atávica. Num país onde se prefere a protecção do nepotismo ao risco da emancipação. Um país habituado à segurança, mesmo que na pobreza relativa. A revolução não nos mudou, apenas transformou tudo em direitos. Os empregos tinham de ser para a vida, de preferência empregos no Estado. Ninguém pôde tocar nas rendas antigas, pelo que a minha geração teve de ir á procura de casa própria e a tua… nem isso. Os despedimentos são tabu. Houve até quem assumisse “direitos” como a reforma aos 55 ou 56 anos.

Neste país não há profissões: há posições. Quem as ocupa chama-lhes suas, e barra os caminho a todos os competidores. Neste país não há feriados: há “pontes” e fins-de-semana alargados. Neste país detesta-se a avaliação: somos todos “bons” ou “muito bons”. Neste país fala-se muito dos jovens, mas não há oportunidades nem bons olhos para os mais novos.

Enquanto a economia foi crescendo, enquanto o dinheiro (primeiro o dos emigrantes, depois o da Europa) foi chegando, parecia que corria tudo bem. Mas isso tinha de acabar, e acabou. Foi nessa altura que o desemprego dos da tua idade começou a disparar. Antes de disparar todo o desemprego.

Ninguém que, nessa época, chamasse a atenção para a insustentabilidade da nossa economia era ouvido. Gozava-se com o Medina Carreira. Diziam que todos os que chamavam a atenção para o risco de nos embebedarmos com os juros baixos eram apenas “velhos do Restelo”. Na nossa vida privada, compravamos mais um plasma. No Estado, contratava-se mais uma PPP para outra auto-estrada.



Quando penso no que nos aconteceu como país, e no que aconteceu ao Estado, lembro-me das campanhas da Cofidis e outras empresas de crédito fácil. Para muitos, esse dinheiro ao virar da esquina e a ilusão de que os ordenados aumentariam todos os anos, levou-os a comprar hoje o que julgavam poder pagar amanhã. Até que começaram a ver o salário penhorado por dívidas e, mesmo sem perderem os empregos, perderam os rendimentos.

O país todo portou-se da mesma forma. Desde 1995 que consumimos, em média, mais dez por cento do que produzimos. Sempre a crédito. Sempre com dívidas maiores. Sempre sem sermos capazes de nos emendarmos a tempo.

O que se passou no Estado – por via de vários governos centrais, dos governos regionais e das autarquias – foi muito pior. Inventaram-se expedientes para continuar a gastar sem pagar. Já deves ter ouvido falar das PPP’s, mas são só uma parte do problema. Há empresas públicas fictícias que, para financiar o Estado, lhe compram os imóveis e, depois, lhos alugam. Outras que fazem as obras para as quais não há (nem havia) dinheiro, como nas escolas. Outras, como as de transportes, que são veículos de endividamento. Se na Madeira se construiu uma marina que nunca teve barcos, em Lisboa há outra marina na Expo que nunca serviu para nada e em Beja um aeroporto vazio. O Alqueva já consumiu milhões e ainda não rega um hectare. E por aí adiante. A lista é infindável e o espantoso é que os autores dos desmandos andam por aí a rir e a atirar setas aos que, agora, tentam concertar a casa em ruínas.

Vivemos de mentiras – votámos mesmo em mentiras apesar de vários alertas – e na ilusão de que o dinheiro chegaria sempre. Não chegou. A factura que estamos a pagar é imensa. A que te vamos deixar, além de imensa, é imoral.



Chegámos a uma altura em que um governo nos veio dizer que temos de empobrecer. Admiro-lhe a frontalidade (gostei muito de ver, por exemplo, a franqueza com que o ministro das Finanças se explicou na televisão). Gosto da lufada de ar fresco que representa esta sinceridade.

A ti isso pouco te importa. O que conta é saber se saímos inteiros do embate deste “martelo-pilão”, como lhe chama o Pacheco Pereira. Acho que sim. Podemos ter um Orçamento que é como “um Houdini algemado dentro de uma camisa-de-forças fechado num aquário de água salgada”, uma imagem do Pedro Guerreiro, mas tal como o Houdini não temos alternativa senão safarmo-nos.

Talvez tenhas ouvido dizer que assim se acrescenta recessão à recessão. É verdade, mas só num primeiro momento. Depois, a única esperança que a minha geração pode devolver à tua é quebrar o ciclo da dívida e permitir que, sem loucuras, os bancos possam voltar a financiar a economia. Prosseguir o caminho que vinha detrás é alimentar a ilusão de que, continuando o Estado a gastar dinheiro, ou a estimular o consumo que nos levou ao endividamento, a economia recupera. Não acredites: afunda-se ainda mais. E passará aos da tua idade um passivo ainda maior.

O dever dos que têm a minha idade, sobretudo dos que, melhor ou pior, viveram os anos do bem-bom e estão razoavelmente instalados, não é declarem-se “indignados” por perderem alguns direitos – é aceitarem que algum ajustamento nos seus hábitos, mesmo um ajustamento doloroso e duro, é necessário para libertar recursos para os que têm realmente razões para se indignarem. Os da tua idade.

A minha geração passou a vida a reivindicar direitos pagos pelo dinheiro de todos. Ainda hoje continuo a ouvir por todo lado gente a pedir que se use o Estado para “apostar” na economia, o que quase sempre significa apostar nas empresas amigas. Possa a tua geração fazer em Portugal o que tantos de vocês fizeram emigrando: correr riscos, inovar, trabalhar com ambição, cerrar os dentes. A muitos da minha geração só se lhes saírem da frente. Mesmo deixando-te as SCUT’s para pagar.

Público, 21 Outubro 2011

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

MÃE DE SOCRATES COMPRA CASA A PRONTO


ALGUÉM ME EXPLICA COMO ISTO É POSSÍVEL???

ESCANDALOSO!!!!!!!!!

A Mamã do Primeiro-Ministro - MILAGRE ?????

A mamã Adelaide e a misteriosa pensão superior a 3000 euros

Divorciada nos anos 60 de Fernando Pinto de Sousa, "viveu modestamente em Cascais como empregada doméstica, tricotando botinhas e cachecóis...".(24 H)

Admitamos que, na sequência do divórcio ficou com o chalet (r/c e 1º andar) .

Admitamos ainda, que em 1998, altura em que comprou o apartamento na Rua Braamcamp, o fez com o produto da venda da vivenda referida, feita nesse mesmo ano.

Neste mesmo ano, declarou às Finanças um rendimento anual inferior a 250 €.(CM), o que pressupõe não ter qualquer pensão de valor superior, nem da Segurança Social nem da CGA.

Entretanto morre o pai (Júlio Araújo Monteiro) que lhe deixa "uma pequena fortuna, de cujos rendimentos em parte vive hoje" (24H).

Por que neste momento, aufere do Instituto Financeiro da Segurança Social (organismo público que faz a gestão do orçamento da Segurança Social) uma pensão superior a 3.000 € (CM), seria lícito deduzir - caso não tivesse tido outro emprego a partir dos 65 anos - que , considerando a idade normal para a pensão de 65 anos, a mesma lhe teria sido concedida em 1996 (1931+ 65). Só que, por que em 1998 a dita pensão não consta dos seus rendimentos, forçoso será considerar que a partir desse mesmo ano, 1998 desempenhou um lugar que lhe acabou por garantir uma pensão de (vamos por baixo): 3.000 €.

Abstraindo a aplicação da esdrúxula forma de cálculo actual, a pensão teria sido calculada sobre os 10 melhores anos de 15 anos de contribuições, com um valor de 2% /ano e uma taxa global de pensão de 80%.

Por que a "pequena fortuna " não conta para a pensão; por que o I.F.S.S. não funciona como entidade bancária que, paga dividendos face a investimentos ali feitos (depósitos); por que em 1998 o seu rendimento foi de 250 €; para poder usufruir em 2008 uma pensão de 3.000 €, será por que (ainda que considerando que já descontava para a Segurança Social como empregada doméstica e perfez os 15 anos para poder ter direito a pensão), durante o período (pós 1998), nos ditos melhores 10 anos, a remuneração mensal foi tal, que deu uma média de 3.750 €/mês para efeitos do cálculo da pensão final. (3.750 x 80% = 3.000).

Ora, como uma pensão de 3.000 €, não se identifica com os "rendimentos " provenientes da pequena fortuna do pai, a senhora tem uma pensão acrescida de outros rendimentos.

Como em nenhum dos jornais se fala em habilitações que a senhora tenha adquirido, que lhe permitisse ultrapassar o tal serviço doméstico remunerado, parece poder depreender-se que as habilitações que tinha nos anos 60 eram as mesmas que tinha quando ocupou o tal lugar que lhe rendeu os ditos 3.750 €/mês.

Pode-se saber qual foram as funções desempenhadas que lhe permitiram poder receber tal pensão?

E há mais...

A Dona Adelaide comprou um apartamento na Rua Braamcamp, em Lisboa, a uma sociedade off-shore com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, apurou o Correio da Manhã. Em Novembro de 1998, nove meses depois de José Sócrates se ter mudado para o terceiro andar do prédio Heron Castilho, a mãe do primeiro-ministro adquiria o quarto piso, letra E, com um valor tributável de 44 923 000 escudos - cerca de 224 mil euros -, sem recurso a qualquer empréstimo bancário e auferindo um rendimento anual declarado nas Finanças que foi inferior a 250 euros (50 contos).
Ora vejam lá como a senhora deve ter sido poupadinha durante toda a vida.
Com um rendimento anual de 50 contos, que nem dá para comprar um mínimo de alimentação mensal, ainda conseguiu juntar 224.000 euros para comprar um apartamento de luxo, não em Oeiras ou Almada, na Picheleira ou no Bairro Santos, mas no fabuloso edifício Heron, no nº40, da rua Braamcamp, a escassos metros do Marquês de Pombal e numa das mais nobres e caras zonas de Lisboa.
Notável exemplo de vida espartana que permitiu juntar uns dinheiritos largos para comprar casa no inverno da velhice.
Vocês lembram-se daquela ideia genial do Teixeira dos Santos, que queria que pagássemos imposto se déssemos 500 euros aos filhos ?
Quem terá ajudado, com algum cacau, para que uma cidadã, que declarou às Finanças um RENDIMENTO ANUAL de 50 contos, pudesse pagar A PRONTO, a uma sociedade OFF-SHORE, os tais 224.000 euros ?

ESTE E-MAIL É PARA CIRCULAR...
A VERDADE DEVIA SER APURADA !!!!!
SÓ ESTA GENTE NÃO É FISCALIZADA....




Por: Antonio Campos

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O silencio é cúmplice

> Nenhum governante fala em:
 
1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros, motoristas, etc.) dos três ex-Presidentes da República.
 
2. Redução do número de deputados da Assembleia da República para 80, profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações, tudo à custa do pagode.
 
3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego.

4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euro/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.
 
5. Por exemplo as empresas de estacionamento não são verificadas porquê? E os aparelhos não são verificados porquê? É como um táxi, se uns têm de cumprir porque não cumprem os outros? e se não são verificados como podem ser auditados?
 
6. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821.
 
7. Redução drástica das Juntas de Freguesia. Acabar com o pagamento de 200 euros por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75 euros nas Juntas de Freguesia.
 
8. Acabar com o Financiamento aos partidos, que devem viver da quotização  dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem, para conseguirem verbas para as suas actividades.
 
9. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País;.
 
10. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias e até, os filhos das amantes...
 
11. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos.
 
12. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a compras, etc.
 
13. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis.
 
14. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós) que nunca está no local de trabalho. Então em Lisboa é o regabofe total. HÁ QUADROS (directores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO NOS DÁ COISA PÚBLICA.
 
15. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de província com mais administradores que pessoal administrativo. Só o de
PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES PRINCIPESCAMENTE PAGOS... pertencentes ás oligarquias locais do partido no poder.
 
16. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar.
 
17. Acabar com as várias reformas por pessoa, de entre o pessoal do Estado e> entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.
 
18. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP.
 
19. Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e Quejandos, onde quer que estejam e por aí fora.
 
20. Acabar com os salários milionários da RTP e os milhões que a mesma recebe todos os anos.
 
21. Acabar com os lugares de amigos e de partidos na RTP que custam milhões ao erário público.
 
22. Acabar com os ordenados de milionários da TAP, com milhares de funcionários e empresas fantasmas que cobram milhares e que pertencem a quadros do Partido Único (PS + PSD).
 
23. Assim e desta forma, Sr. Ministro das Finanças, recuperaremos depressa a nossa posição e sobretudo, a credibilidade tão abalada pela corrupção que grassa e pelo desvario dos dinheiros do Estado.
 
24. Acabar com o regabofe da pantomina das PPP (Parcerias Público Privado), que mais não são do que formas habilidosas de uns poucos patifes se locupletarem com fortunas à custa dos papalvos dos contribuintes, fugindo ao controlo seja de que organismo independente for e fazendo a "obra" pelo preço que "entendem".

25. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo, confiscando e punindo os biltres que fizeram fortunas e adquiriram patrimónios de forma indevida e à custa do País, manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas pretensamente "legais", sem controlo, e vivendo à tripa forra à custa dos dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência aos que efectivamente dela precisam;
 
26. Controlar rigorosamente toda a actividade bancária por forma a que, daqui a mais uns anitos, não tenhamos que estar, novamente, a pagar "outra crise".
 
27. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com que paguem efectivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis à pressa, feitas à medida.
 
28. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas que tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas pelos ditos.
 
29. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu património antes e depois.
 
30. Pôr os Bancos a pagar impostos.

sábado, 15 de outubro de 2011

AS MEDIDAS

"As medidas são minhas, mas o défice não é meu". Esta frase lapidar foi de Pedro Passos Coelho no debate de hoje, no Parlamento, e colocou um ponto final na discussão.
Portugal está numa situação dramática porque governantes irresponsáveis colocaram o país na rota do naufrágio. Os socialistas tentam agora sacudir a água do capote e há ainda a responsabilidade dos comentadores que deram a cobertura necessária a esses governantes. Vivíamos todos num mundo de facilidades e agora desembarcamos no mundo real. Choram-se muitas lágrimas de crocodilo pelo que acontece ao povo, sendo estes os suspeitos do costume que pagam a factura.
A falsa intelectualidade portuguesa tem sido sobretudo hipócrita, primeiro ao esconder ou omitir os erros da governação (sim, eles compreendiam que íamos chocar com a parede) depois ao negarem a necessidade do remédio. Era um coro grego de aplausos, o mesmo que agora espuma, porque finalmente mudou a atitude nos poderes públicos e acabou o simulacro.
Em Agosto e Setembro lia-se na blogosfera, ouvia-se nas televisões, não havia medidas no lado da despesa; agora, aqui d'el rei vilanagem. E só me ocorre uma palavra: hipócritas. Então, não havia cortes, e agora são maus por cortarem?
 
A nível europeu está a ser preparado um plano complexo que incluirá pelo menos o reforço dos capitais da banca europeia e talvez a reestruturação da dívida grega. Tudo indica que uma das preocupações fundamentais é a de criar aquilo a que chamam a "firewall", uma protecção anti-fogos ou um cordão sanitário para evitar o contágio sobre as economias endividadas, Itália, Espanha, Portugal, Irlanda, após a reestruturação grega.
Nesse sentido, o rigor do orçamento 2012 seria crucial para evitar o contágio. Estou a especular, mas segundo esta linha de raciocínio havia dois caminhos: ou mostrávamos a vontade de não ir pelo caminho da Grécia ou fingíamos como fizemos nos anteriores governos. O segundo caminho era claramente o preferido dos comentadores.
 
Estamos a viver momentos decisivos, daqueles em que a história parece acelerar. Isto é o fio da navalha e só que nos resta manter o espírito alto e progredir, sem cedermos à tentação de recuar.
Não resisto a contar uma pequena anedota que corria nos países comunistas de leste, durante o regime totalitário. Os intelectuais tinham dois caminhos, o primeiro era insustentável, o segundo era o alcoolismo. Felizmente, no nosso caso, mantém-se o IVA do vinho, podíamos dizer.
Sem brincadeira, está no tempo de termos memória, de lembrarmos quem nos enganou e de não perdermos a lucidez. Cumprir as metas da troika é a promessa eleitoral essencial de Passos Coelho. Não foi ele quem mentiu, mas os socialistas, para quem o mundo era rosa.   

OS INDIGNADOS

Acho saudável que uma democracia tenha formas de canalizar o descontentamento da população, como é o caso da manifestação dos indignados que está a decorrer em Lisboa (vi na rua o início do protesto).
Já fico mais preocupado com as respostas (e algumas das perguntas) que vi em reportagens na televisão.
As pessoas manifestam-se naturalmente contra as medidas do governo, mas deviam ter protestado em devido tempo contra a troika. Deviam ter votado contra os partidos que aceitaram o acordo do memorando. As metas do acordo são claras: 5,9% de défice orçamental este ano; 4,5% no próximo. Se não conseguir alcançar estas metas, Portugal ficará sem financiamento externo e a sua economia estará numa situação muito pior do que a actual. Não haverá apenas cortes nos salários dos funcionários, deixará de haver dinheiro para pagar esses salários. 
Não é possível ter sol na eira e chuva no nabal. Por outro lado, não compreendo o catastrofismo de alguns analistas, como se não esperassem o que vinha aí, como se isto fosse tudo uma grande surpresa para eles. É ler-se a imprensa de hoje, está por todos os lados, escrito pelos mesmos que há duas semanas exigiam cortes na despesa e se espantavam pela sua ausência. Mas estes analistas não sabiam o que nos esperava? Não sabiam o significado do que eles próprios pediam, em artigos onde rasgavam as vestes?
 
Uma reflexão final sobre os indignados. Nos EUA, os manifestantes do Occupy Wall Street dirigem-se com maior nitidez aos abusos do sistema financeiro e dou por mim a concordar com grande parte do que dizem. Parece-me evidente que estamos nas fases iniciais de uma profunda crise do capitalismo e que é preciso maior regulação.
Já o movimento europeu é confuso. Tem as mesmas características populistas do movimento americano, de anti-política, mas em quantidades que me parecem tóxicas. A rejeição dos partidos e o processo de decisões anárquico, que facilita as manipulações e as chapeladas, são retrocessos da democracia, não são avanços. As assembleias gerais populares são facilmente manipuláveis.  E ser do contra porque parece moderno não resolve nenhum problema da sociedade.
Também não entendo a exigência de "democracia participativa". O país a ser governado na rua, por assembleias populares? O governo por sondagens ou pelas redes sociais?
Uma senhora está neste momento na TV a dizer que "a gente não paga a dívida". Isto é apenas outra fantasia, como aquelas em que este país viveu nos últimos anos. Claro quer vamos pagar a dívida, pelo menos enquanto os credores nos exigirem isso, pois a alternativa é um retrocesso ao nível da Albânia. Se fizermos o que os indignados querem, o país vai à falência e fica isolado. O que temos é mau, sem dúvida, os nossos "amigos" externos são duros, mas o poder da rua não passa de uma ilusão cruel.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Na Ucrânia alguém ia preso

Estradas de Portugal: «erro de cálculo» custa milhões.
Empresa pública foi prejudicada em 600 milhões de euros.
Quem ganha é o grupo privado Ascendi (Mota Engil e Bes)
A entidade reguladora do sector rodoviário denunciou ao Governo que a Estradas de Portugal foi prejudicada em quase 600 milhões de euros, numa negociação com o grupo Ascendi, relativo às concessões Norte e Grande Lisboa.

O caso remonta a Novembro de 2010 quando o Instituto Nacional de Infra-estruturas Rodoviárias informou o então secretário de estado das Obras Públicas, Paulo Campos, de negociações potencialmente ruinosas para o Estado com o grupo Ascendi, dominado pela Mota-Engil e pelo BES.

Para o regulador, os casos mais evidentes referem-se às concessões Norte - auto-estrada entre Barcelos e Guimarães e a auto-estrada entre Famalicão e Vila Pouca ¿ e Grande Lisboa - relativa a várias ligações da IC16, IC30 e IC17.

Tratam-se de concessões que já antes tinham portagens reais. As concessionárias não recebiam dinheiro do Estado, e, nessas estradas, sustentavam os negócios com os pagamentos dos automobilistas.

O problema é que o tráfego verificado na realidade ficou muito abaixo do previsto no contrato inicial gerando prejuízos no grupo privado.

Em Junho de 2010, o Estado resolveu o problema da Ascendi: a empresa pública Estradas de Portugal ficou obrigada a pagar ao grupo privado 1.864 milhões de euros de rendas fixas, recebendo, em troca, apenas 1.267 milhões de euros de portagens.

Contas feitas, a EP obteve um prejuízo de 597 milhões de euros, a preços actuais em estradas que antes não custavam 1 cêntimo ao erário público.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

5 de Outubro

Amanhã, lá vão os parvos dos republicanos sair à rua. Brindarão, por certo, à igualdade e à liberdade de alguém nascer e poder chegar onde quiser. Festejarão o ensino laico e todas as conquistas dos últimos cem anos. Gritarão que o povo não é estúpido e que sabe que a república é o ventre da democracia. Novos ricos feitos nobreza, sairão à rua nos seus audis brancos e festejarão a vitória do nobre provo sobre a velha nobreza.
Amanhã, lá vão os parvos dos monárquicos sair à rua. Bigodes ao alto, o vosso coração está em deus. Por entre camisas ao xadrez, blasers de botões azuis e ideologia do outro século, vão em uníssono gritar: a monarquia é mais barata do que a república, o rei é preparado desde pequenino para reinar e traz o povo no coração, povo este que o coroa por aclamação a cada novo soberano que desce à terra, vindo directamente do Olimpo. Vão todos brindar ao Portugal do antigamente e aos feitos heróicos que a república nunca soube honrar. "Viva a monarquia!" brindarão os trinta saudosistas reunidos à lareira.
Amanhã - porque de certeza se prolongará para além da meia-noite - vou estar a jantar com uns amigos, a comer francesinha no Campo Pequeno. A meio do jantar, vou puxar do tema: então e o 5 de Outubro? Vou ouvir tudo o que têm a dizer e beber mais um fino, enquanto como francesinha. Depois, vou dizer exactamente aquilo que gostava de expressar neste texto:
O meu chefe de estado não é republicano, por esse motivo tem o azar de nunca ter enriquecido à pala da república. Não é o Cavaco e por isso nunca partilhou corredores com o Oliveira e Costa, nunca jantou com o Duarte Lima, nunca pediu conselhos ao Dias Loureiro e nunca deu bênçãos ao Alberto João Jardim. A ele, nunca nenhum banco lhe pagou campanhas, nunca nenhum empresário lhe ligou a pedir favores e nunca teve que ganhar eleições para a chefia de um partido. 
O meu chefe de estado, não acha que nasceu do Olimpo. O meu chefe de estado, reconhece o passado do país, mas não acha que o país tem apenas cem anos - ao mesmo tempo sabe que como diria Benjamim Walter, comentando o tecto da Capela Sistina, o anjo da história tem os olhos no passado, mas os ventos sopram do futuro.
O meu chefe de estado é um árbitro num campeonato de futebol que não o português. Um homem independente e atento que sabe ser imparcial e puxar as orelhas a todos aqueles que se portam mal no jogo que é a democracia.  Um homem que sabe disciplinar e ao mesmo tempo apelar ao fair-play. Um homem que sabe que a sua missão é pôr ordem no jogo.
O meu chefe de estado só é um bom árbitro porque teve a sorte de nascer árbitro, sem ter que ceder a influências e lobbys. Injusto? Talvez. Mas o pragmatismo da política mostra-nos que a monarquia funciona melhor do que a república. Cem anos depois temos a prova.