segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

As moscas e os tachos não são só na politica

A propósito das recentes nomeações para uma das empresas do Estado, veio à baila novamente a conversa do “tacho” e das das “moscas” que são sempre as mesmas. Por vezes, até pode ser verdade, mas quem tem moral para criticar?

Dizem que na política são sempre os mesmos. No governo, na Assembleia da República, nas Empresas Públicas. Mas a verdade é que se passa exactamente a mesma coisa nos restantes sectores da sociedade portuguesa.

A começar por quem mais critica os políticos, os Comentadores. Há anos que são os mesmos apesar de não acrescentarem ou esclarecem algo. Marques Lopes, Adão e Silva, Clara Ferreira Alves, Daniel Oliveira, Marcelo Rebelo de Sousa.

Nos Sindicatos, que se desvirtuaram e hoje são autênticos braços armados dos partidos políticos, temos homens como João Proença e Carvalho da Silva há 30 anos! Mas também Bettencourt Picanço e companhia, noutros sindicatos.

E por falar em Corporativismo, já não enjoa na Saúde ver a cara do Francisco George ou do Eduardo Barroso? E na Justiça Pinto Monteiro, Cândida Almeida, Rogério Alves, José Miguel Júdice, Proença de Carvalho, Moita Flores.

Mas também na Música são sempre os mesmos. Qualquer programa musical de TV tem de ter a Simone, o Fernando Tordo, o Paulo de Carvalho ou o Fernando Mendes. Só não aparece o Zeca Afonso e a Amália porque já morreram.

Se passarmos à área da Representação, mesmo com o boom de actores da era Morangos com Açúcar, parece que só existem a Eunice Muñoz, o Nicolau Breyner, o Tozé Martinho, o Herman José, o Virgílio Castelo ou a Alexandra Lencastre.

O Desporto não é diferente. É só futebol e as mesmas caras: Gilberto Madaíl, Pinto da Costa, Valentim Loureiro. E quanto a atletas é só Eusébio, Figo e Ronaldo. No meio de tanta bola aparece por vezes a Rosa Mota.

No mundo dos Negócios apenas interessa ouvir os banqueiros Ricardo Salgado, Fernando Ulrich e Santos Ferreira. Ou então os “génios” que sustentam o seu sucesso no monopólio que têm: Zeinal Bava, António Mexia ou Ferreira de Oliveira.

Mas não acaba aqui. Na área Militar parece só haver um especialista, o General Loureiro dos Santos. Na Arquitectura a dupla Siza Vieira / Souto Moura, e o resto é paisagem. Na Pintura é Paula Rego e nada mais.

Mas nós gostamos e continuamos a alimentar este “sistema dos mesmos”, que foi precisamente o que nos trouxe até aqui. É que o país não está mau só de Finanças. Basta olhar para as áreas que referi e ver como estagnamos há anos.

A sociedade portuguesa (principalmente a comunicação “dita” social) cultiva este “sistema dos mesmos” e nunca deu espaço para a renovação. Mas no final de contas, os políticos é que são os únicos maus da fita.

domingo, 8 de janeiro de 2012

EMIGRAÇÃO


> "A propósito de uma suposta recomendação de emigração dirigida a jovens licenciados".

O ruído que tem vindo num crescendo, com acusações e insultos à mistura, a propósito de meia dúzia de frases logo deturpadas a jeito por quem nelas quis ler o que lá não estava mas convinha ao ataque a quem o disse, não tem a ver com o que um ou outro ministro diz sobre matéria de emigração ou emprego, muito menos com uma preocupação genuína com o futuro de milhares de jovens desempregados, mas parece, sobretudo, uma arma de arremesso, a denunciar, mais uma vez, a grande preocupação dos políticos que temos pelo que se diz ou não diz, mais , muito mais, parece, do que pelo que efectivamente se faz ou deixa de fazer. E é assim, com atoardas lançadas no meio da confusão da desinformação sensacionalista que gente inteligente e bem formada se deixa ingenuamente arrastar para a absurda defesa de concretização de um direito moral de emprego num país sem cheta, com as empresas a afundar e os desempregados a aumentar.

E condena-se assim quem naturalmente reconhece valor aos jovens que desejam iniciar a sua vida profissional e tentam fazer pela vida lá fora, como muitos de outras gerações já fizeram antes e um pouco por todo o mundo se vai fazendo há muito. É gente bem preparada, que tem valor, disposta a fazer-se gente e a ganhar o próprio sustento com trabalho honesto, procurando mais ou menos longe da terrinha onde nasceu uma oportunidade que a nossa penúria resultante dos desgovernos de incompetentes e corruptos não lhes pode dar cá dentro. Mas, com tanto histerismo condenatório, amaldiçoando a ideia de emigração forçada, como se outra houvesse mais ao gosto de aventura, dir-se-ia que preferem esses indignados opositores a qualquer ideia de emigração de jovens que os garotos vão ficando por aqui, talvez arrumando carros, talvez, com mais sorte, prateleiras de supermercado... ou vivendo indefinidamente à custa dos pais.

Como inventar empregos onde os não há?! Como fazer nascer empregos sustentáveis à força de subsídios com dinheiro que não temos e nos é emprestado a peso de ouro?! Por mim, não tenho dúvidas de que prefiro mil vezes ter os meus filhos a ganhar a vida honestamente lá fora do que a puxar o lustre a esquinas e sofás numa choradeira gritada de não lhes darem (!) empregos. Serei só eu?! Ou eu e mais uma multidão silenciosa que pensa mais ou menos isto e em nada se identifica com quem mais berra o seu contrário?