quinta-feira, 24 de março de 2011

" É A VIDA "

Fizeram má cara, irritaram-se, viraram costas, sairam da sala, bateram com a porta. Convenceram-se mesmo que a rábula que fizeram perante o país, durante os últimos meses, correspondia à verdade das coisas. Que só eles nos poderiam salvar do descalabro, que só eles tinham o segredo para nos tirar do atoleiro onde, de resto, nos meteram, que só eles e as suas medidas eram respeitados na «Europa», que sem eles seria o «finis patriae», a tragédia, o drama, o horror e o ranger de dentes. Na verdade, as coisas são menos complicadas do que parecem. Ao longo de seis anos governaram e falharam em quase tudo que nos haviam prometido. Promessas sobre promessas, sacrifícios sobre sacrifícios, infelizmente, nada resultou conforme o anunciado. Tiveram, ao fim de quase cinco anos, uma nova oportunidade e novamente tornaram a falhar. Hoje, no parlamento, foi-lhes retirada a legitimidade democrática necessária para governar. Em breve haverá eleições, como muitas outras no passado, e delas sairá um novo governo, do qual provavelmente não farão parte. As medidas de austeridade continuarão a apertar, como têm continuado com eles e continuariam se eles permanecessem no poder. Se calhar, o país declarará bancarrota, situação que resultará da simples constatação da realidade dos factos do últimos anos e que nenhumas medidas de circunstância poderiam evitar. Todos sofreremos com isso, certamente, porque todos deixamos que nos conduzissem até aqui. Sair do poder à força propicia, invariavelmente, espectáculos lamentáveis, embora não fosse necessário ir tão longe como hoje se foi. Quem anda por esta vida convencido que ela é eterna, sobretudo a vida política em democracia, não anda por cá a fazer nada. Porque, como dizia o outro perante as tragédias da política, «é a vida», meus amigos.

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