quinta-feira, 22 de março de 2012

Parábola das PPP´s

"Aqui há uns anos o ministro de um país moderno decidiu dinamizar as exportações. Foi ter com um fabricante de frigoríficos com quem travou o seguinte diálogo:


Ministro: Olhe lá, o governo tem um projecto para dinamizar as exportações. Verificamos que não exportámos para o Pólo Norte, verificámos ainda que o Pólo Norte tem a menor quantidade de frigoríficos do mundo. Vai daí surgiu uma ideia: vamos exportar frigoríficos para o Pólo Norte. Quer ser o nosso parceiro?

Fabricante de frigoríficos: Depende. Dão-me umas cláusulas leoninas no contrato?

Ministro: Não pode ser. Temos que defender o interesse público.

Fabricante de frigoríficos: Então não estou interessado.

Ministro: Ok. Dou-lhe 2 cláusulas leoninas.

Fabricante de frigoríficos: 4

Ministro: 3

Fabricante de frigoríficos: Ok. De acordo.

Ministro: Negócio fechado?

Fabricante de frigoríficos: Ainda não. Só uma perguntinha: quem fica com o risco de os frigoríficos não se venderem?

Ministro: Você, claro. Você é que é o empreendedor.

Fabricante de frigoríficos: Bem, então não me interessa.

Ministro: Ok. Nós ficámos com o risco.

Fabricante de frigoríficos: Negócio fechado.

entretanto...

Fabricante de frigoríficos: Ei, Ministro, espere lá. E nos próximos governos, que garantias tenho eu de que os novos ministros sejam assim gente com visão, e respeitem o nosso acordo?

Ministro: Ó homem, você não vai fazer um contrato comigo, mas sim com o Estado. E quem o vai redigir é quem nós sabemos - fica uma coisa à prova de bala. E não se aflija: o negócio vai correr bem, era preciso que o País ficasse à beira da bancarrota para o Amigo arriscar realmente alguma coisa. E isso não vai suceder, pois não?

Fabricante de frigoríficos: Claro que não. Negócio fechado.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Damnato Memoriae

O Senado Romano, quando queria eliminar a memória do Imperador recentemente morto, proclamava o Damnato Memoriae, disposição que autorizava a destruição de todas as referências, escritas e físicas, do tirano que queriam esquecer.Vem isto a propósito do artigo de opinião que Miguel Sousa Tavares escreveu este fim de semana no Expresso.Afirma ele que “ o desporto nacional é o tiro a Sócrates” e que “ o nome de Sócrates é o santo-e-senha que chama a si todos os males e toda a sujidade, limpando todo o resto, agora e para sempre”.Na realidade, os "amigos" de Sócrates, o que querem promover, é exactamente o contrário ( que no Expresso são vários, desde Ricardo Costa que ainda há um ano editou primeiras páginas com notícias falsas para proteger o primeiro-ministro de então, até Nicolau Santos que, falhando enquanto enquanto jornalista e economista , teve a arte de, no decorrer do todo o consulado de Sócrates, não denunciar a grave situação económica e financeira a que a incompetência e irresponsabilidade de Sócrates nos estava a conduzir ). Os viúvos de Sócrates estão em campanha para “limpar” a imagem do ex-primeiro ministro, atirando sobre todos aqueles que viram que o “rei estava nu “, tentando limpar, agora e para sempre, a responsabilidade da bancarrota a que ele, e o seu governo, nos conduziram, e que é responsável pela austeridade que todos temos de sofrer para recuperar algum de conforto económico que nos fez perder.Aqui, o Damnato Memoriae, é exactamente esse: querem lavar o cérebro aos portugueses para que estes esqueçam o mal que nos fez.Mas não vão conseguir.Os portugueses já votaram a sua opinião: despediram o “aldrabão, incompetente e irresponsável que nos conduziu à bancarrota” e não vão esquecer-se do que aconteceu, para que não venha, este ou outro aprendiz de tiranete, tentar fazer o mesmo novamente.Como as sondagens, deste último fim de semana, novamente comprovam ( sempre que as sondagens confirmem que os actuais partidos do governo mantêm a maioria, aconselho MST a perceber a leitura mais básica desse resultado : o que os portugueses exprimem é "apoiamos este governo nesta situação difícil que estamos a viver para ultrapassar a bancarrota que o anterior governo nos deixou").