terça-feira, 24 de abril de 2012

TROPA FANDANGA


Parece que a defunta associação 25 de Abril e o vetusto pai Soares resolveram fazerprova de vida anunciando que não participarão nas celebrações oficiais da data, aquela com o argumento de que “As medidas e sacrifícios impostos aos cidadãos portugueses ultrapassaram os limites do suportável” e este em solidariedade com a dita associação.
Se têm razão quanto à violência dos sacrifícios a que os Portugueses estão submetidos, o que cabe perguntar é porque só acordaram agora e não antes, quando participaram ou simplesmente calaram ao sermos conduzidos para o caminho da bancarrota.
É que esse caminho começou logo nos alvores da revolução e prosseguiu, apoteótico, ao longo destes quase 40 anos, com a demagogia dos sucessivos governos.
Desde as nacionalizações e a destruição da economia nacional, logo no tristemente célebre PREC, ao abandono da agricultura e da pesca, à desindustrialização do País,  à assumpção de encargos anuais de dezenas de milhares de milhões de euros com o funcionalismo e a burocracia de Estado e com prestações sociais concedidas sem as devidas contrapartidas contributivas, no caso das reformas (e não me refiro às mínimas), ou mesmo sem qualquer prestação de trabalho, como no caso dorendimento social de (des)inserção, passando por errados e ruinosos investimentos públicos, seja nas chamadas SCUT ou em obras faraónicas de utilidade económica nula ou duvidosa.
Esquecem também a indigência cívica e moral em que se encontra Portugal, com um Estado corrupto, um empresariado subsidiodependente, uma juventude abandonada, uma escola a saque, uma sociedade envenenada pela boçalidade imperante nosmedia, um exército de políticos devoristas que semearam a miséria social e comprometeram o nosso futuro colectivo enganando sistematicamente os eleitores com promessas vãs, que sabiam não poder cumprir.
Quanto ao novo governo, deixem-se essas ricas comadres de tretas que ele está simplesmente a limpar o lixo em que os camaradas transformaram o País.
Faz bem a associação do reumático em não aparecer no 25/4.
Quanto a Soares, o tal que, há dias, vendo o motorista (sim, que a excelência tempópó e chauffeur pago pelo povo) autuado, vomitava que “O Estado é que vai pagar a multa”, faria igualmente bem corando de vergonha ao lembrar as suas responsabilidades na descolonização exemplar e, mais tarde, nos famigerados tempos do guterrismo e do sócretinismo. Como, porém, a não tem, fique-se a cevar na sua fundaçãozinha paga com o dinheiro dos contribuintes.
De qualquer modo, fazem bem em não aparecer porque os Portugueses, arruinados, desempregados, temerosos do seu futuro, também não têm razões para comemorar a dita murcha data.