domingo, 8 de janeiro de 2012

EMIGRAÇÃO


> "A propósito de uma suposta recomendação de emigração dirigida a jovens licenciados".

O ruído que tem vindo num crescendo, com acusações e insultos à mistura, a propósito de meia dúzia de frases logo deturpadas a jeito por quem nelas quis ler o que lá não estava mas convinha ao ataque a quem o disse, não tem a ver com o que um ou outro ministro diz sobre matéria de emigração ou emprego, muito menos com uma preocupação genuína com o futuro de milhares de jovens desempregados, mas parece, sobretudo, uma arma de arremesso, a denunciar, mais uma vez, a grande preocupação dos políticos que temos pelo que se diz ou não diz, mais , muito mais, parece, do que pelo que efectivamente se faz ou deixa de fazer. E é assim, com atoardas lançadas no meio da confusão da desinformação sensacionalista que gente inteligente e bem formada se deixa ingenuamente arrastar para a absurda defesa de concretização de um direito moral de emprego num país sem cheta, com as empresas a afundar e os desempregados a aumentar.

E condena-se assim quem naturalmente reconhece valor aos jovens que desejam iniciar a sua vida profissional e tentam fazer pela vida lá fora, como muitos de outras gerações já fizeram antes e um pouco por todo o mundo se vai fazendo há muito. É gente bem preparada, que tem valor, disposta a fazer-se gente e a ganhar o próprio sustento com trabalho honesto, procurando mais ou menos longe da terrinha onde nasceu uma oportunidade que a nossa penúria resultante dos desgovernos de incompetentes e corruptos não lhes pode dar cá dentro. Mas, com tanto histerismo condenatório, amaldiçoando a ideia de emigração forçada, como se outra houvesse mais ao gosto de aventura, dir-se-ia que preferem esses indignados opositores a qualquer ideia de emigração de jovens que os garotos vão ficando por aqui, talvez arrumando carros, talvez, com mais sorte, prateleiras de supermercado... ou vivendo indefinidamente à custa dos pais.

Como inventar empregos onde os não há?! Como fazer nascer empregos sustentáveis à força de subsídios com dinheiro que não temos e nos é emprestado a peso de ouro?! Por mim, não tenho dúvidas de que prefiro mil vezes ter os meus filhos a ganhar a vida honestamente lá fora do que a puxar o lustre a esquinas e sofás numa choradeira gritada de não lhes darem (!) empregos. Serei só eu?! Ou eu e mais uma multidão silenciosa que pensa mais ou menos isto e em nada se identifica com quem mais berra o seu contrário?

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