sábado, 15 de setembro de 2012

Brinquem, brinquem...

Há pouco mais de um ano, o Partido Socialista deixou Portugal na bancarrota.
Na altura, em Abril de 2011, o então ministro das finanças, Teixeira dos Santos, dizia que o Estado só tinha dinheiro para pagar os salários dos funcionários públicos e as pensões dos reformados para mais um mês.
Os juros da dívida soberana eram já insustentáveis, tendo passado em muito os míticos 7%, taxa acima da qual o próprio ministro dissera que se impunha um programa de assistência internacional.
E foi assim que a amaldiçoada Troika aterrou em Portugal…
Quanto ao FMI, tratou-se ‘apenas’ da sua terceira intervenção em Portugal desde o 25 de Abril, o que diz muito da competência dos sucessivos Governos que, de 1974 até ao ano passado, desbarataram os recursos nacionais e hipotecaram o presente e o futuro do País.
E a culpa agora é do ‘Passos’????
Não será antes dos Vascos Gonçalves, dos Soares, dos Cavacos, dos Sócrates, das pensões milionárias, das obras inúteis, dos contratos leoninos, dos rendimentos mínimos, das reformas a contar só com as contribuições dos últimos 5 ou 10 anos, dos estádios, enfim, do fartar vilanagem de quase 40 anos de regabofe em que políticos sem escrúpulos compraram o voto do povo ignorante que agora paga no ‘lombo’ todas as aldrabices com que foi enrolado?
Pensavam, acaso, que a factura não seria apresentada no fim da festa?
Hoje o lema é fora a Troikaabaixo a troika, diria mesmo que, à semelhança do célebre leitmotiv abrilino de “nem mais um soldado para as colónias”, deveria ser nem mais um Euro da Troika para Portugal!
Mas, ninguém esqueça que, quem paga o SNS, os salários da FP e as pensões, é a tal Troikazinha, que quer até ver o Orçamento do Estado para 2013 antes de libertar a próxima tranche do empréstimo…
É realmente espantoso ouvir tantos loucos, seja da oposição ou até mesmo da área política da maioria, perorarem sobre ‘justiça’, ‘solidariedade’, ‘ética’, ‘direitos adquiridos’, etc., sem cuidarem de dar uma única alternativa séria aos terríveis sacrifícios que os desmandos do passado impõem à governação do presente.
Pergunto-me onde é que esses espíritos iluminados vão buscar o dinheirinho para assegurar as funções sociais do Estado se os nossos credores fecharem a torneira, como parece que tantos irresponsáveis pretendem?
Se houver uma crise, acham que os ‘mercados’ confiarão em Portugal? Pensam que a tal Troika perdoa o incumprimento dos compromissos assumidos? Não perceberam ainda que Portugal não tem financiamento normal e, se o financiamento internacional parar, o Estado entra em colapso e quem ganha mil euros por mês pode bem vir a ganhar 200 ou 300 se a corda partir?
Diziam os Antigos que “os Deuses enlouquecem aqueles que querem perder”. E hoje parece que o País se está a preparar para fazer um verdadeiro haraquiri, dando o pior dos sinais para o estrangeiro que, não se duvide, nos observa atentamente.
Se a loucura triunfar e não quisermos poupar os nossos filhos a décadas de miséria por não aguentarmos mais os sacrifícios de agora, pagaremos já daqui a pouco muito mais e, não posso deixar infelizmente de o pensar, teremos o que merecemos: uma outra vida virá e nós pura e simplesmente vegetaremos.
É duro mas a vida é mesmo assim.

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