sábado, 5 de novembro de 2011

ABSTENHAMO-NOS DE TER DEPUTADOS

Ontem, no largo do rato, um conjunto de marmanjos decidiu, por votação, o sentido de voto que um outro conjunto de marmanjos, mas diferente do primeiro, irá exercer ali para os lados de S. Bento.

Dito de uma modo mais explícito: uma comissão política de um partido (foi o ps, mas o que é dito vale para qualquer outro partido) decide como os deputados desse partido irão votar, na Assembleia da República, o orçamento do Estado.

Significa isto que os deputados do ps vão fazer uma figurinha não muito diferente da de mandaretes da dita comissão política do seu partido: votam como lhes mandarem.

O orçamento do Estado é sempre um documento de fundamental importância. Nos tempos que atravessamos, mais do que fundamental, é um documento absolutamente decisivo para a nossa sobrevivência presente e futura.

Os deputados são aqueles que o "povo" elege para o representar no parlamento, tomando, por ele, as decisões politicas sobre o país. Por isso, certamente toda a gente pensaria que cabe aos deputados decidir livremente, em cada momento e perante cada assunto a votar, qual o caminho a seguir e por via disso qual o sentido do seu voto. Mas não. Os deputados, fica-se a saber, quando estão em causa assuntos graves do país, nem sequer decidem entre eles o que irão fazer - fazem, tão somente, o que as comissões politicas do seus partidos mandam fazer.
Afinal, eles só estão no parlamento para "levantar o braço" - ou, depois das obras em S. Bento, para carregar no botão de voto.

Os deputados ficam caros, como se pode ver no orçamento da Assembleia. Por isso é de presumir que estejam na Assembleia por terem "miolos" e estarem devidamente preparados e esclarecidos para exercer do melhor modo as superiores funções que desempenham, concordando, discordando, propondo, sempre no sentido de melhorar as decisões colegialmente tomadas.

Por isso, "mandar" um grupo parlamentar inteiro, que é simplesmente o do maior partido da oposição, abster-se em todas as votações do orçamento - votação na generalidade, votações na especialidade e votação final global - não lembra o diabo...

Se é para isto que os deputados estão na Assembleia, mais vale que as decisões sobre votações passem a ser tomadas pelas comissões políticas dos partidos, cujos membros não são remunerados como tal, e depois com um fax ou um email comunicava-se à Assembleia o sentido do voto.

É que ficava muito mais barato - e o resultado seria exactamente o mesmo...!!!

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